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Em 2009 fui diagnosticado com uma doença do neurônio motor (DNM) Trata-se de uma doença neuromuscular, progressiva, degenerativa e sem cura. Mesmo assim insisto que vale a pena viver e lutar para que pesquisas, tratamentos paliativos, novos tratamentos cheguem ao Brasil no tempo + breve possível, alem do respeito no cumprimento dos nossos direitos. .

28 de set. de 2011

DEBATE - Pesquisadores discutem estágio atual das pesquisas com células-tronco. Quando a medicina disporá de terapia celular? (Parte 1)



A professora Lygia da Veiga Pereira e o pró-reitor de pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) Marco Antonio Zago trabalham na linha de ponta de experimentos científicos com células-tronco no Brasil. Ambos desenvolvem e orientam pesquisas há mais de uma década e têm expectativas e posições divergentes em relação ao futuro das experiências na área. Neste debate, coordenado pelo também professor e conselheiro do Cremesp Reinaldo Ayer de Oliveira, eles discutem sobre a situação atual das pesquisas, no Brasil e no mundo, e as perspectivas em torno de sua aplicabilidade na medicina. Acompanhe, a seguir, um resumo desse encontro e confira os currículos dos participantes ao final desta matéria.
 Reinaldo Ayer: Como podemos entender as diferenças que existem entre as células-tronco embrionárias e adultas?

Marco Antonio Zago: São dois mundos, não apenas do ponto de vista conceitual, mas porque as questões éticas são diferentes, embora a imprensa as trate como se fossem uma única coisa. As grandes promessas estão nas células-tronco embrionárias e nas IPS (Induced Pluripotent Stem Cells, sigla em inglês para células-tronco pluripotentes induzidas), que são células adultas revertidas à capacidade de embrionárias. Porém, o pouco que temos de concreto foi obtido do trabalho com células adultas.

Lygia da Veiga Pereira: Um bom exemplo são as células-tronco da medula óssea que há décadas são capazes de se transformar e regenerar qualquer célula do sangue. Houve um boom nas pesquisas para explorar a possibilidade de que, talvez, na medula óssea, tivéssemos células adultas capazes de dar origem não só ao sangue, mas a outros tecidos. Depois, descobriu-se que essas células estão distribuídas pelo organismo no tecido adiposo, no sangue do cordão umbilical etc. Mas não sabemos se são capazes de se transformar em todos os tecidos. Por outro lado, temos segurança sobre o seu não malefício. Há décadas se faz transplante de medula óssea e elas não originam tumores. Outro universo é o das células-tronco de embriões aproveitados de técnicas de fertilização. Essas, por definição, são capazes de se transformar em qualquer tecido. Elas ainda não são usadas para renegerar um fígado ou pâncreas porque são conhecidas a menos tempo. Temos de aprender a domá-las em laboratório. Se as colocarmos em estado nativo num indivíduo, podem se diferenciar em vários tipos de células e formar um tumor. Elas apresentam efeito terapêutico importante em modelos animais, mas precisamos estudar melhor o seu comportamento.

Zago: São necessárias estratégias diferentes para desenvolver tratamentos, por um ou outro tipo de célula-tronco. No caso das adultas, primeiro temos de identificá-las em cada um dos tecidos humanos. Um estudo promissor é o de células-tronco de uma pequena região do olho chamada limbo, que pode reconstituir uma córnea lesada. Mas se o nicho de células for destruído, não se consegue recompor o olho. Quando células-tronco do olho contralateral são retiradas, cultivadas, ampliadas em laboratório e, depois, transplantadas, é possível recuperar a córnea lesada e a visão perdida. Nesse caso, uma célula-tronco adulta foi utilizada para recuperar o tecido a que normalmente dá origem. O desafio é obter células em quantidades suficientes para o tratamento, o que é complicado na maioria dos tecidos. Na medula, para obtê-las, basta fazer punção; na córnea não é tão fácil, mas podemos extraí-las de uma pequena região. Mas não se consegue obter células-tronco do coração para tratar doenças cardíacas. Na literatura há grande quantidade de trabalhos que exploraram ou exploram a via de coleta de célula da medula óssea para tratar outros tecidos; este é um sonho que não vai se realizar na maioria dos casos.

Ayer: No que os senhores trabalham no momento em seus laboratórios?

Zago: Nosso laboratório, em Ribeirão Preto, explora exatamente a capacidade de diferenciação das células da medula óssea. Por exemplo, uma célula primitiva pode dar origem a eritrócitos ou leucócitos, mas o que liga e o que se desliga dentro da célula para que ela siga um ou outro caminho de diferenciação? Além disso, na medula óssea há também a chamada célula-tronco mesenquimal, capaz de dar origem às células de gordura, de osso, de cartilagens etc. Inicialmente ajudamos a mapear essas células que são amplamente difusas no organismo – existem não apenas na medula óssea, mas no tecido adiposo, nas paredes de artérias e veias, em tecidos embrionários.

Lygia: Trabalhamos exclusivamente com células-tronco embrionárias. Fazemos isso com células de camundongo para poder modificá-las geneticamente e, a partir delas, gerar um animal com alguma alteração genética. Criamos modelos animais para síndrome de Marfan. Quando surgiram as células-tronco embrionárias humanas, já tínhamos experiências com as de camundongo. Essa pesquisa tem o objetivo aplicado de dar autonomia ao Brasil nos experimentos com células-tronco embrionárias. Se criarmos nossas próprias linhagens, não dependeremos mais da importação das células, que têm limitações de patentes e usos comerciais. Estamos estabelecendo essas linhagens a partir dos embriões doados à pesquisa. Também estou muito interessada em entender alguns eventos que acontecem com o cromossomo X durante o início do desenvolvimento embrionário em humanos. Não se pode estudar isso in vivo, porque acontece dentro do útero, mas é possível em células embrionárias cultivadas em laboratório. Ainda investimos em farmacologia e há uma terceira pesquisa, também aplicada, de utilização de células embrionárias como modelo in vitro para estudos sobre a eficácia e toxicidade de diferentes drogas.

Zago: Quantas linhagens de células-tronco foram obtidas até o momento no Brasil?

Lygia: Apenas duas.

Zago: Para essa atividade, a professora Lygia dependia da aprovação da Lei de Biossegurança. Essa é uma questão controvertida e há um grande debate na sociedade. No seu auge, há uns três anos, as pessoas acreditavam que, uma vez aprovada a lei, no dia seguinte surgiriam resultados. Um enorme engano! Na época, fizeram levantamento de quantos embriões disponíveis haviam no Brasil e contaram centenas, mas eles teriam utilização limitada. Serão muito raras as linhagens de células-tronco embrionárias desenvolvidas no Brasil. Muito pouco desses embriões de fato serão utilizados. A tecnologia envolvida é complicada. Os estudos serão restritos, especialmente agora que surgiu uma metodologia permitindo que uma célula adulta se transforme novamente em embrionária diferenciada – as IPS.

Ayer: Esse tipo de pesquisa já é realizada no Brasil?

Zago: Pelo menos três laboratórios brasileiros, sendo dois da USP – um de São Paulo e um de Ribeirão Preto – já têm linhagens obtidas de células adultas, que excluem a necessidade do uso de embrião.

Ayer: Quais são as fontes de financiamento dessas pesquisas?

Zago: A USP contribui com muitos recursos, com pessoal técnico, pesquisadores e estrutura física, especialmente equipamentos. Temos também fomento do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); e do Ministério da Saúde.

Ayer: Basicamente trata-se de financiamento público, não há apoio do setor privado?

Lygia: Todos que conheço são financiados por instituições públicas. No Brasil, não temos a prática de financiamento privado em pesquisa.

Ayer: Esse financiamento é importante quando se está numa espécie de corrida?

Zago: Em relação às células-tronco, estamos na mesma corrida que o restante da ciência brasileira. Não há excesso nem falta de financiamento. O que temos de recurso está mais ou menos distribuído a toda a ciência brasileira e na mesma linha de competição de outros temas, da cardiologia, da nefrologia etc. Mas nossa produção é relativamente pequena comparada ao resto do mundo.

Lygia: Isso porque a nossa comunidade científica é pequena.

Zago: Nossa área se enquadra nos cerca de 2% da produção mundial. É o mesmo percentual em que toda a ciência brasileira se enquadra e corresponde ao PIB do Brasil – que é mais ou menos 2% do mundial.

Ayer: Se não temos um número maior de laboratórios, precisamos construí-los para poder competir? A ciência brasileira precisaria de um estímulo a mais e um financiamento suplementar, que seria o privado?

Zago: Neste momento, ele é adequado ao tamanho de nossa comunidade. Alguns países fazem opção especial por um projeto, investindo grandes recursos, como fez o Brasil na área de energias renováveis, particularmente o bioetanol. O Brasil direcionou muitos recursos para isso, o setor privado foi beneficiado e também está fazendo investimentos na área, de tal maneira que mudou o quadro mundial. Hoje, 40% da energia gasta no Brasil vem de fontes renováveis, enquanto representam apenas 13% no resto do mundo. Nunca houve no país a opção preferencial por pesquisas com células-tronco, como foi o caso da Inglaterra e da Califórnia, nos Estados Unidos. Isso provavelmente levará à concentração de competências e geração de resultados muito mais rápidos naquelas regiões do que no resto do mundo.

Ayer: No Brasil, é uma pesquisa que está mais ou menos no nível das instituições mundiais?

Lygia: Em relação às células-tronco embrionárias temos grandes desníveis, porque pudemos começar a trabalhar apenas em 2005, quando foi aprovada a Lei de Biossegurança. Temos uma comunidade científica pequena e pouquíssimos grupos sabem lidar com isso. Um dos objetivos do meu laboratório, junto com o do professor Stevens Rehen, da UFRJ, é capacitar mais pesquisadores.

Zago: Em determinado momento, houve grande aposta mundial em células-tronco adultas de medula óssea para tratar variadas doenças. Após uma década e muitos recursos investidos, o balanço foi pouco entusiasmante. Está claro que a terapia celular não será resolvida por elas. Para reparo de variadas doenças devemos seguir o modelo clássico de busca da célula no próprio tecido – seja pela diferenciação das células-tronco embrionárias, pelas IPS ou por um método que consiga retirar a célula-tronco adulta específica de um determinado tecido e multiplicá-la. Não adianta insistir com células da medula óssea, que servem, sim, para tratar doenças da medula óssea, como leucemias e anemia aplástica. Pode trazer resultados limitados para uma ou outra doença, mas ninguém mais acredita na perspectiva que se tinha antes.

Ayer: Na passagem da pesquisa básica para a clínica, ainda é preciso muita prudência?

Zago: Sem dúvida. Mas isso também depende da criatividade dos pesquisadores. Por exemplo, o professor Julio Voltarelli, da USP de Ribeirão Preto, desenvolveu um método importante para tratar diabetes grave do tipo 1, em que combina o uso de células-tronco da medula óssea. Muitos têm a impressão que ele usa células da medula para tratar a doença no pâncreas. Mas não é isso. Ele faz um tratamento imunossupressor, que propicia a melhora de uma parcela dos indivíduos quanto ao diabetes, mas esses pacientes morreriam em virtude da aplasia de medula. O autotransplante da medula obtida antes da imunossupressão permite que se recuperem.


Lygia: Boa parte das pesquisas são empíricas ou superficiais, do tipo “retira a célula-tronco, centrifuga, injeta e vê no que dá”, como se o fato de não fazer mal as justificasse. A partir de 2008, o edital sobre pesquisas com células-tronco do CNPq passou a exigir a explicitação dos mecanismos do estudo.

Zago: Temos de fazer a distinção entre terapia celular e experimentos científicos com células-tronco. Muitas pesquisas não são finalmente úteis ou não levam a resultados positivos, mas são feitas em contexto científico e submetidas à apreciação de comissões de ética. Essa é a maneira como a ciência caminha. Chegar a resultados negativos não é depreciativo. Mas, ao lado disso, surgem os charlatões, que se aproveitam de um determinado assunto que ganha as manchetes e começam a oferecer tratamentos sem nenhum fundamento. Talvez seja preciso reafirmar claramente que, com exceção dos transplantes de medula óssea, não há tratamento com células-tronco para reparar tecido, que seja amplamente reconhecido pela comunidade científica.

CONTINUA...

22 de set. de 2011

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - Pioneirismo e inovação na TCT no Brasil


O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) popularmente conhecido como "Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto", é uma autarquia, mantida pelo governo do estado de São Paulo, sendo vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Decreto Estadual n. 26.920, de 18/3/87)associada à Universidade de São Paulo - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Tem por missão desenvolver a assistência, o ensino e a pesquisa científica em estreita colaboração com as demais unidades ensino da Universidade de São Paulo na cidade de Ribeirão Preto, em particular com a Faculdade de Medicina.
Dr Júlio Voltarelli
O HCFMRP/USP iniciou suas atividades em 30 de julho de 1956, tendo por objetivo servir de hospital-escola aos alunos do curso médico da FMRP-USP. Nesse período, o hospital apresentou um expressivo crescimento com a construção e inauguração de novas instalações. Tal crescimento foi acompanhado pelo constante aprimoramento nos serviços médicos e científicos prestados. Em 1968, realizou o primeiro transplante de rim do Brasil, através da equipe chefiada pelo Prof. Dr. Antônio Carlos Pereira Martins. Em 1992, realiza, em suas instalações, transplante de medula óssea, operação sob o comando do Prof. Dr. Júlio Voltarelli. No ano de 1995, o HCFMRP/USP inaugurou sua nova Unidade de Transplante de Medula Óssea, bem como, o Centro de Cirurgia de Epilepsia, este considerado referência internacional na área. Em 2002, a equipe do Prof. Dr. Júlio Voltarelli, realizou o primeiro transplante de células-tronco para o tratamento do Lupus. Neste mesmo ano, uma equipe conjunta dos professores Júlio Voltarelli e Amilton Barreira realizou o primeiro transplante de células tronco do país para o tratamento da esclerose múltipla. Em 2004, Prof. Júlio Voltarelli, Dr. Carlos Eduardo Barra Couri e equipe realizaram o primeiro transplante de células tronco do mundo para o tratamento de diabetes Tipo 1. No ano seguinte, a mesma equipe realizou transplante de células tronco para o tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica, este o primeiro no Brasil.

FONTE:http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_das_Cl%C3%ADnicas_de_Ribeir%C..

15 de set. de 2011

Abasteça seu "tanque emocional" com sonhos, palavras e ações.

                                                                                                                                                                                                                                                                                              Por



                                                                                                                     Por Antonio Jorge de Melo

Diz a história que o Rei Salomão certa vez escreveu que “a vida e a morte estão no poder das palavras". As ciências que estudam a psique humana afirmam sobejamente que uma postura positiva e otimista em relação a vida e os conflitos do dia a dia preservam a saúde e diminui o risco de certas doenças, ou a evolução das mesmas.
Bom, não é tão fácil assim, é preciso alimentar o otimismo e o positivismo, assim como se abastece um carro para uma viagem. Uma maneira que encontrei para abastecer o meu  tanque motivacional  é acreditar que alguma coisa surgirá a qualquer momento que vai revolucionar o tratamento das doenças neuromusculares, particularmente a ELA, através da terapia com células-tronco.
Assim,  acompanhando e analisando o processo de desenvolvimento das pesquisas com células-tronco no Brasil, me deparei com as declarações feitas em diversas  entrevistas  pela Geneticista   Lygia Pereira da Silva, que conseguiu criar pela primeira vez no Brasil uma linhagem de células-tronco  a partir de embriões congelados.
Esse grandioso feito da Drª Lygia colocou o Brasil no mesmo nível de alguns seletos países que também já detem esse domínio científico. Fiquei bastante impressionado com a dedicação e o empenho da  Drª Lygia na condução dessa e de outras pesquisas, ao mesmo tempo em que ela faz contundentes declarações que expõe a gestão das pesquisas com células-tronco no Brasil, no sentido de que falta agilidade e sobram entraves burocráticos,  comprometendo  o tempo e a produtividade na condução dessas pesquisas.
Para mim ficou evidente que temos aqui uma oportunidade de criar um movimento a nível nacional através de um abaixo assinado, onde se possa exigir das autoridades responsáveis uma mudança na política de gestão das pesquisas com células-tronco. Isso por sua vez se traduz em aumento da possibilidade de termos alguma opção de tratamento com células-tronco, a medida  que barreiras vão sendo eliminadas, nem que seja um tratamento de caráter experimental.
Desse desejo surgiu a oportunidade de elaborar o documento que será o abaixo assinado, totalmente baseado no pensamento e na visão dessa experiente cientista e pesquisadora. Para consolidação do mesmo, na próxima terça há uma possibilidade de nos encontrarmos com a Drª Lygia em S Paulo para falarmos sobre a viabilidade do movimento.
Mas o que fazer com um abaixo assinado voltado para questões tão exclusivas? Para isso, estaremos indo a Brasília no próximo dia 05/10, quando estaremos discutindo com a Dep Mara Gabrilli as alternativas para que esse documento possa lograr êxito na sua finalidade. Estaremos buscando entendimento junto a Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa das Pessoas com Deficiência, entre outras coisas. 
Portanto, queremos conclamar a todos os pacientes, cuidadores, familiares, profissionais da saúde e simpatizantes desse país para estarmos juntos na consolidação desse movimento. 
O dia é hoje, o momento é agora! 

5 de set. de 2011

Esclerose lateral amiotrófica - Novo estudo aponta para um mecanismo comum a todas as formas e abre novas perspectivas de tratamento


                                                                                     


Cromossomo x
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença devastadora que causa uma perda progressiva dos movimentos e da fala devido à morte dos neurônios motores. Na grande maioria dos casos não há perda da capacidade cognitiva e a pessoa se torna uma prisioneira dentro do próprio corpo. É o caso do famoso físico inglês Stephens Hawkins. Estima-se que há 350.000 pessoas afetadas ao redor do mundo que aguardam desesperadamente algum tipo de tratamento. E existem inúmeros pesquisadores ao redor do mundo trabalhando para isso. O Dr. Teepu Siddique é um deles. Os resultados de uma pesquisa coordenada por esse cientista – que acaba de ser publicada na revista Nature – sugere que haveria um mecanismo comum a todas as formas de ELA – hereditárias e formas isoladas – o que facilitaria muito a procura de um tratamento.

Como a equipe do Dr. Siddique chegou a essa conclusão?
Recordando, a ELA é uma doença que geralmente acomete uma única pessoa na família (formas esporádicas) sem risco de recorrência para os descendentes. Cerca de 10% dos casos são hereditários e já foram identificados vários genes responsáveis por essas formas. Nosso grupo identificou uma forma hereditária importante há alguns anos.
Nessas famílias, a doença pode ser transmitida através de gerações. E foi estudando uma nova forma de ELA hereditária que o Dr. Siddique fez uma descoberta importante. A sua equipe vinha seguindo uma família com vários casos de ELA. Todos tinham também demência, o que é um achado raro nessa doença. A idade de início nessa família variava entre 16 a 71 anos, sendo muito mais precoce no sexo masculino do que no feminino. Para tentar entender o mecanismo por trás da doença, o primeiro passo era achar o gene responsável.

O gene estava no cromossomo X
Depois de muitas pesquisas a equipe descobriu que a mutação – ou erro genético – estava em um gene no cromossomo X que é responsável pela produção de uma proteína chamada ubiquilin 2 (ubiquilina em português). Essa proteína é normalmente responsável pela degradação de várias outras proteínas da célula. Entretanto com a mutação, a ubiquilina 2 não consegue exercer essa função. A consequência é o acúmulo e agregação dessas proteínas que deveriam ter sido degradadas causando uma neurodegeneração e morte dos neurônios motores.

E nas outras formas de ELA?
Para descobrir se esse defeito está restrito ao gene do cromossomo X que eles havian acabado de identificar, os pesquisadores estudaram amostras de 47 pacientes com outras formas de ELA – hereditária ou esporádica. Observaram que em todas elas havia agregados ou inclusões resultantes do mau funcionamento da ubiquilina 2, sugerindo que seria um mecanismo comum a todas as formas de ELA.

E a demência? Seria o mesmo mecanismo?
Para testar essa hipótese os pesquisadores teriam que analisar o que acontecia no cérebro dos afetados. Conseguiram estudar amostras do tecido cerebral de dois pacientes falecidos que tinham mutação nesse gene. Observaram o mesmo fenômeno: havia inclusões principalmente no hipocampo (uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro humano, considerada a principal sede da memória e importante também para a sensação espacial). Isso poderia explicar também a demência. Os autores também chamam a atenção para outro achado importante. Já se sabia que uma outra proteína semelhante, ubiquilin 1 ( ou ubiquilina 1) está aparentemente relacionada com a doença de Alzheimer caracterizada pela perda progressiva de memória.

Qual é o próximo passo
Essas observações sugerem um mecanismo comum para essas ubiquilinas. Elas poderiam ser responsáveis pela degeneração dos neurônios motores que causam a ELA – tanto as formas esporádicas como as hereditárias – como também pela neurodegeneração que ocorre na doença de Alzheimer ou outras formas de demência. Se isso for verdade, os esforços agora poderão ser direcionados para abordagens terapêuticas relacionadas com essas ubiquilinas. Um outro dado intrigante é o início mais tardio (ou quadro mais leve) nas mulheres do que nos homens..  Nesse caso a explicação poderia estar no fato do gene estar no cromossomo X. Com os homens têm um só cromossomo X e as mulheres têm dois, elas têm pelo menos uma cópia do gene normal. Mas já observamos o mesmo em outras doenças neurodegenerativas causadas por genes que não estão no cromossomo X.   Entender o que “protege” o sexo feminino e retardar o início da doença também poderá nos dar pistas importantes. É mais uma luz no fim do túnel.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/genetica/doencas/esclerose-lateral-amiotrofica

 


  • Antonio Jorge
    27/08/2011 às 13:13
    Prezada Drª Mayana:
    Diversos trabalhos vem mostrando que a a proteina VAPB e a proteina TDP43 são importantes marcadores biológicos para a compreensão da etiopatogênese da ELA. Até um tempo atrás, falava-se também da importância da SOD1, que hoje já se sabe que não é mais considerada como um marcador para ELA.
    Afinal de contas, com a descoberta de mais um marcador, qual desses os pesquisadores deverão perseguir na continuidade das pesquisas?






  • Mayana Zatz
    29/08/2011 às 20:07
    Jorge
    É possível que todos esses marcadores participem de uma via comum que leve a degeneração dos neuronios motores. Ou que haja diversas causas Não podemos descartar nenhuma hipótese. O fato de podermos derivar neuronios motores de pacientes com diferentes formas de ELA vão permitir acelerar as pesquisas e tirar isso a limpo.





  • 3 de set. de 2011

    INFRAERO não cumpre a resolução Nº9, e a GOL embarca e desembarca passageiros cadeirantes colocando em risco a sua integridade física.


     

                                                                                                                           Por Antonio Jorge de Melo

    Faz pouco tempo que tomei conhecimento por inteiro da Resolução Nº 9 da ANAC, mas após ter feito uma viagem de avião nessa semana para Goiânia, pude mais uma vez concluir que leis, resoluções, portarias, decretos, e tudo mais que se possa escrever em um pedaço de papel em nosso país existem para não serem cumpridas, seja por omissão de quem as deveria cumprir, seja por omissão dos órgãos fiscalizadores.    
    Pouco antes de descer da aeronave no Aeroporto de Goiânia, fui informado pelo Comissário de bordo que o Ambulifit daquele Aeroporto estava inoperante. Ele me tranqüilizou e disse que a Gol dispunha de uma cadeira especial para embarque e desembarque de cadeirantes, totalmente automatizada e segura. Legal, até gostei do desafio de uma nova aventura.
           
    Desembarque sem Ambulifit
    Detalhe da cadeira utilizada











    De repente   me vejo diante de  uma frágil e medíocre cadeira de rodas  da Gol sem nenhum dos atributos que o Comissário havia me falado. Foi quando eu perguntei: “E a cadeira automática?” O Comissário, sem ter uma resposta clara disse que infelizmente naquele aeroporto não havia essa cadeira. Só me restou me resignar, contar até 10, e controlar a raiva de ver o descaso e a falta de compromisso de uma empresa do tamanho da GOL, em não se preocupar com a questão da acessibilidade de seus clientes cadeirantes, e a INFRAERO, que finge não ver que a resolução Nº 9 não está sendo respeitada em muitos aeroportos brasileiros.                               
    Nos bastidores do desembarque tomei conhecimento de que o Ambulift desse Aeroporto está parado faz 4 meses, é isso mesmo, e ninguém da INFRAEREO durante todo esse tempo teve o interesse de tomar alguma providência? Isso mostra que para os burocratas da Infraero Ambulifit não é prioridade para eles.    
    Cadeira automática: falta de manutenção
    No retorno de minha viagem, ao fazer o check in no mesmo aeroporto, quem eu vejo parada em frente aos balcões da Gol? Pois é, a tal cadeira automática que o Comissário do vôo da minha chegada havia dito que não havia.
    Não resistindo a curiosidade, perguntei a um funcionário da Gol se meu embarque seria feito naquela cadeira. O funcionário ficou meio sem saber o que dizer, e disse um “talvez” com bastante falta de credibilidade.           
     Não satisfeito com aquela resposta evasiva, procurei outra funcionária da Gol, e ela me revelou que aquela cadeira automática estava com defeito, e por isso não seria possível utiliza-la. Que bom!!!
    Moral da história: sobrou pra mim passar por aquele vexame de ser conduzido ao interior da aeronave feito um “saco de batatas”, correndo o risco de sofrer uma queda, aliás, o que quase aconteceu, pois o funcionário da Gol teve  bastante dificuldade em me erguer e me sustentar na subida da escada, tudo improvisado e feito do “jeitinho brasileiro”.  
     
    Embarque sem Ambulifit
    Funcionários demonstram dificuldades em me conduzir











    E dessa vez o privilégio não foi apenas meu não, uma senhorinha de 91 anos por nome Dinah, que inclusive sentou ao nosso lado também foi conduzida ao interior da aeronave da mesma forma. 
    Bom, diante de tanta omissão e desrespeito, a partir de agora terei que fazer uma escolha. Ficar em casa, e parar com esse negócio de querer ir aonde apenas os “normais” podem, ou ignorar tudo isso e fazer valer o meu direito de ir e vir aonde eu bem quiser, afinal de contas, tô pagando...

    Ver tambem: http://falandosobreela.blogspot.com/2011/10/anac-resolucao-n-9-de-06-2007-exija.html